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Hoje, Dia do Autor Português, uma menção especial para António Arnaut (1930-2018), patrono da nossa Biblioteca Municipal

Se Penso, Existo

"Se penso, existo; se falo, existo para os outros, com os outros.
A necessidade é o lugar do encontro. Procuro os outros para me lembrar que existo. E existo, porque os outros me reconhecem como seu igual. Por isso, a minha vida é parte de outras vidas, como um sorriso é parte de uma alegria breve.
Breve é a vida e o seu rasto. A posteridade é apenas a memória acesa de uma vela efémera. Para que a memória não se apague, temos que nos dar uns aos outros, como elos de uma corrente ou pedras de uma catedral.
A necessidade de sobrevivência é o pão da fraternidade. 
O futuro é uma construção colectiva."
 
António Arnaut, in 'As Noites Afluentes'
 

António Arnaut 1936-2018

 
António Arnaut, advogado, poeta, escritor e político, era natural da Cumeeira, no concelho de Penela, município que, em 2016, atribuiu o seu nome à Biblioteca Municipal, num gesto de “homenagem ao homem e ao seu percurso de vida, à sua missão cívica na defesa da liberdade e na melhoria da qualidade de vida dos portugueses”, segundo adiantou então o presidente da Câmara Luís Matias.
 

 
"António Duarte Arnaut foi sempre um Homem de Penela, um Homem nascido na Cumeeira como sempre fazia questão de referir, onde “as pessoas comiam o pão duro dos dias sem sol, viviam à míngua e morriam, em regra, sem assistência médica” …
Estes tempos ásperos que viveu – o filho do sapateiro, que se fez Ministro da Nação, Escritor, Advogado – forjaram o Homem que se tornou numa incontornável referência dos nossos dias.
O Homem de luta pelas causas em que se revia e que acreditava fundamentais para um mundo melhor. Um mundo em que os seus valores mais caros – Liberdade, Igualdade e Fraternidade – fossem além das palavras, num permanente combate às, muitas vezes consideradas, pequenas injustiças, porque como descreve nas Noites Afluentes: 
“Não me conformo com as pequenas injustiças. Aceito as grandes, porque são inevitáveis, como as catástrofes, e atestam a impotência dos deuses. Aquela criança, descalça, apenas precisava de uns sapatos. Se tivesse nascido sem pés, não era tão grande a minha revolta.” 
Foi nesta atitude de permanente inconformismo com as “pequenas injustiças” que construiu todo o seu percurso de vida, sustentado em elevados princípios de cidadania que sempre foram o seu guia de ação enquanto cidadão comprometido, advogado esclarecido, político destemido e escritor de invulgar sensibilidade.
A partida, hoje conhecida, do Dr. António Arnaut, deste mundo dos vivos, constitui uma perda irreparável para Penela, para Portugal e para o Mundo. Fica-nos a obra e fundamentalmente o grande exemplo de verticalidade, de princípios e de valores que sempre constituíram a matriz inalienável do seu percurso de vida.
Cabe-nos a todos, honrar esse legado e transmiti-lo, também pelo exemplo, às gerações vindouras.
A Câmara Municipal de Penela, reunida hoje em sessão ordinária, deliberou, por unanimidade, aprovar o presente voto de pesar pelo falecimento do conterrâneo Dr. António Duarte Arnaut, e manifestar profundas condolências à família e ao Partido Socialista de que foi fundador."

In: deliberação em sessão ordinária, da Câmara Municipal de Penela.

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